Autor: Fernando de Padua Laurentino - Butantã II - USP - Turma D.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

15- Dimensões Constitutivas do Sujeito Psicológico

O julgamento sem uma análise das diferentes dimensões do sujeito

A tentativa de entender o aluno apenas sob a perspectiva cognitiva tende, certamente, ao equívoco. É muito comum avaliarmos (uma avaliação pessoal, informal e superficial) o aluno por aquilo que ele apresenta em sala de aula. Parece ser mais fácil lidar com pessoas quando elas apresentam apenas uma faceta constituinte do sua personalidade. No entanto, na medida em que nos aproximamos do aluno e descobrimos novos aspectos ele adquire riqueza e complexidade e, ao mesmo tempo, torna nossa avaliação (ou julgamento) mais difícil.
Certa vez numa escola onde trabalhei os alunos apresentavam trabalhos artísticos numa feira cultural. Um aluno que até então quase todos os professores tinham uma avaliação negativa dele subiu ao palco e fez uma apresentação teatral inesquecível. Além dos professores que ficaram de queixo caído e se perguntando: "Esse é aquele?" "Onde se escondia este artista dentro daquele aluno?" ouvi também uma orientadora dizer o seguinte: "Esse tipo de coisa dificulta nossa reprovação no conselho de classe."
Ela queria dizer que aquela faceta artística do aluno, até então desconhecida, poderia ser usada como contraargumentação a uma retenção no conselho de classe. Acho que não preciso dizer que aquele aluno já estava condenado à reprovação muito antes de acontecer o conselho.

Também quem é professor já deve ter passado pela seguinte experiência: conhecer os pais dos alunos. Daí sai da reunião de pais com os seguintes pensamentos: "Agora está explicado porque ele(a) se comporta daquela maneira...", "Em vista dos pais até que esse aluno é muito equilibrado..." e tantas outras análises superficiais mas que dão uma dimensão do erro de avaliar pessoas (alunos) que mal conhecemos. Desconsideramos do aluno sua base afetiva (família, pais, parentes etc.), sua base biológica (saúde, capacidade física etc) e seu contexto sociocultural (onde vive, o que faz quando não está na escola, seus interesses etc.). Em outras palavras, óbvias, desconhecemos de fato nosso aluno.

É valido ver o vídeo do post 24- Diversidade e Pluralidade na Escola que trata do perigo da história única. Porque na medida em que conhecemos nossos alunos apenas na dimensão cognitiva também lidamos com uma história única desse aluno.

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Faltaria alguma dimensão?

Lembrei-me de Mozart - o famoso compositor austríaco - que começou a aprender música aos 4 anos de idade, aos 5 compunha e aos 6 viajava para apresentações para a elite europeia. Sua primeira ópera foi finalizada quando ele tinha apenas 11 anos. O que explica tal genialidade? Sua constituição biológica, sua carga genética? A relação com os pais? Sua capacidade cognitiva? O meio austríaco onde nasceu? Eu não acredito que estas perguntas estejam próximas de responder a questão.

Tenho dois filhos gêmeos de três anos. Eles são idênticos, ou seja, tem a mesma constituição genética. Recebem a mesma educação, frequentam os mesmos lugares, tem o mesmo grau de afetidade dos pais e familiares. Até por causa da idade (eles são crianças) são tratados indistintamente. No entanto são pessoas com personalidades absolutamente distintas. Que dimensão psicológica explica?

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