Autor: Fernando de Padua Laurentino - Butantã II - USP - Turma D.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

8- A construção psicológica dos valores


A construção de valores pela afetividade

Se a construção de valores se dá através de trocas afetiva não se faz necessário
refletirmos sobre a qualidade das relações interpessoais no espaço escolar?
A nossa identificação (gostarmos ou não) de determinados objetos/pessoas/de si mesmo está diretamente ligado à forma como nos relacionamos afetivamente com estes.
Com o espaço escolar não é diferente. Entendo espaço escolar como lugar onde se estabelecem relações humanas baseadas, principalmente, na relação de ensino-aprendizagem. O espaço escolar, portanto, é mais que coisa ou objeto. É mais que paredes, corredores, salas, páteo, refeitório etc. Se neste espaço as relações de autoridade, compromisso, trocas, coleguismo etc acontecerem baseadas na confiança, no respeito ao outro, no amor, é grande a chance de uma identificação afetiva daqueles que frequentam tal espaço. Sentir-se bem ou mal num determinado espaço tem mais a ver com a qualidade das relações humanas estabelecidas neste espaço do que o sentido cru das suas áreas físicas.
Se a escola é um lugar de identificação afetiva do aluno fica mais fácil o aprendizado dos diferentes valores que ali são ensinados. Na medida que o espaço escolar é pleno de significações positivas o aluno se identifica com a escola e vai querer (re)produzir na sua vida o que foi (ou o que é) sua vida escolar.

Criar valores é, também, destruir idéias

"Pau que nasce torto morre torto"

A transformação humana não é só possível como é uma característica que nos identifica. O homem é um ser mutável e como tal é o aluno. O aluno não nasce torto nem tampouco morre torto. É comum nas escolas (na sala dos professores) frases como: "Ano que vem se prepare para a turma que está entrando no ensino médio.", "ah! você dá aula agora para tal aluno? Hã! Eu dei aula para ele no 7o. ano e sei muito bem como ele é!" etc. Como se alunos não tivessem exatamente numa fase da vida que pudessem aprender e construir seus valores. Tais crenças e ideias vão no caminho contrário do que podemos entender sobre educação. Tais ideias repercutem na sociedade como um todo. A mídia reproduz tais concepções a respeito de um ser humano pouco flexível quanto aos seus valores. Os filmes estão repletos de personagens que são bandidos e mocinhos do começo ao fim. Lembrei-me de um filme brasileiro bastante conhecido que vai na contramão deste enredo. Central do Brasil (1998) tem como personagem principal Dora (Fernanda Montenegro) que ao longo da película se transforma devido à relação estabelecida com um menino. A relação se constroi a partir de uma viagem (real e psicológica) que os personagens fazem pelo Brasil.
A vida ensina e com ela nos transformamos. A escola pode oferecer as ferramentas necessárias para que não precisemos empreender uma viagem (literal ou não) para mudarmos para melhor.

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